por Juliana Cristina de Souza*
Um grande desafio que recebi em um congresso sobre criatividade foi responder a seguinte pergunta: “ Quem é você, sem dizer o que você faz?”
E para entender como cheguei na resposta, você precisa entender também como fui conduzida até ela….
Entrei nesse caminho de autoconhecimento em 2013, depois de um casamento que deu certo por 9 anos e uma vida de solteira que se iniciava após uma decisão de seguirmos por caminhos diferentes. Essa é a percepção atual que tenho sobre tudo que aconteceu.
Mas nem sempre foi assim! Se eu voltar um pouco no tempo e for analisar os acontecimentos pela mentalidade daquela época, as coisas foram bem mais densas e turbulentas do que essa descrição dos fatos leve e despretensiosa que fiz logo acima.
Um trajeto de emaranhamentos, angústias, decepções, frustrações, encontros, desencontros, conflitos de não merecimento e crenças de incapacidade marcaram a caminhada até este momento e foram metabolizados em entendimento, gratidão, leveza, confiança, reconhecimento e respeito, e continuam sendo trabalhados enquanto escrevo este capítulo. Vamos começar do início!
O primeiro contato com as Terapias Integrativas
Eu me formei em 2004 em Medicina Veterinária pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, e ainda na faculdade entrei em contato com o mundo das terapias integrativas, através do professor Pedro Michelotto, que até hoje é uma grande fonte de inspiração no meu caminho profissional.
Desde então me casei, me mudei para a Itália, reconheci meu diploma lá e iniciei minha trajetória como Médica Veterinária, em um mercado de trabalho que para mim era totalmente desconhecido e diferente do que eu tinha vivenciado no Brasil.
Neste mesmo período, em 2006, fundei também a empresa que hoje se tornou a AnimaCare Reabilitação Veterinária e posteriormente o Instituto AnimaCare, que teve sua primeira sede em Thiene, província de Vicenza, na Itália. No início, tinha um outro nome. Mas esta é uma outra história, que vou contar mais adiante.
Lá na Itália, busquei inicialmente a formação em Acupuntura Veterinária, uma formação de 3 anos em uma das escolas mais tradicionais da Europa: Scuola di Agopuntura della Cittá di Firenze.
Foi só o início de uma caminhada de descobertas, pois daí surgiu o interesse pela fisioterapia, osteopatia, quiropraxia, homotoxicologia, ozonioterapia, acupuntura japonesa e outras técnicas integrativas que utilizo até hoje em minha rotina de atendimentos com cães, gatos e cavalos.
Foram todas formações técnicas, artísticas e filosóficas que trouxeram muito embasamento prático e teórico para a percepção atual que tenho sobre ser Médica Veterinária Sistêmica.
Todo este período fora do Brasil me trouxe muito crescimento do ponto de vista pessoal e profissional, reconhecimento e boas oportunidades de trabalho.
Eu me nutri emocionalmente deste trabalho por muitos anos, com uma vida social pouco ativa, um casamento falido e uma chama interna quase se apagando.
Atenção aos sinais: 3 acidentes de carro em menos de um ano
Algo internamente me dizia que eu não era suficiente, que eu não merecia o reconhecimento, existia um vazio estranho que permeava onde eu estava e onde eu gostaria de estar.
E, a partir deste momento aos 31 anos, 3 acidentes de carro em menos de 1 ano, emoções à flor da pele, projetos que não decolavam e coincidências que depois se transformaram em pura sincronicidade movida por uma força que hoje reconheço como quântica, conduziram ao fim de uma relação afetiva que já não era mais construtiva para ambos e ao início de uma fase totalmente nova e desconhecida de autoconhecimento.
Fez parte deste processo inicialmente a negação, isso porque ocupei minha mente das formas mais inusitadas que se pode imaginar, desde a descoberta de novas bandas em vários locais de Curitiba, fazendo incontáveis horas de aulas de dança, correndo no parque, viajando sozinha e fazendo novas amizades. Tudo direcionado ao mundo externo!
Uma negação inicial ao que meu mundo interno estava buscando. Durou mais ou menos uns 2 anos esse período. E foi nessa época que outro desses movimentos quânticos me realinharam com um propósito ainda a ser descoberto.
Passei então a avaliar boa parte dos acontecimentos como “dicas”, e nesse ponto entendi inclusive que os 3 acidentes de carro que tive só estavam lá para me mostrar que eu simplesmente tinha um propósito latente em construção, mas que o caminho que eu estava seguindo não me levaria onde minha essência queria chegar.
Princípio da Correspondência: o que está dentro é como o que está fora
Foi um dos primeiros grandes insights para o entendimento do Princípio da Correspondência, uma das Sete Leis Universais Herméticas descritas no Caibalion: “O que está dentro é como o que está fora”.
Foi então que nesse caminho das sincronicidades, em 2014 retomei contato com o Reiki. Neste ano, conheci a Eidilamar, tutora do Chivas, um Yorkshire que veio encaminhado para avaliação especialista comigo por conta de um problema sério na região cervical que o deixou tetraparésico, ou seja, sem movimentar as 4 patas, além de complicações clínicas como pancreatite, gastrite, prostração e dor.
O que parecia uma relação trivial entre Veterinária – Tutora – Paciente tornou-se uma conexão quântica de essências!
Durante as sessões do Chivas, a Eidi me contou que trabalhava com Reiki, sendo ela Mestre e que ministrava também cursos na área.
Em uma dessas sessões de fisioterapia e acupuntura do Chivas, ela me contou que enviava Reiki a distância enquanto ele estava internado em pós-operatório e que teve percepções sobre o impacto da sistêmica de sua família sobre a doença do cão, e que a partir do momento que houve a resolução de um conflito entre as filhas, o cão passou a melhorar exponencialmente das complicações locomotoras e clínicas que vinha apresentando.
Foi o primeiro “click” sobre a influência da sistêmica familiar na saúde de um cão que tive efetivamente contato, mas nessa época eu ainda nem imaginava o que era a Constelação Veterinária…
Eu já tinha feito um curso nível I de Reiki lá em 2003, mas o conhecimento estava guardado em uma das minhas gavetinhas mentais, empoeirado e sem uso.
E quando ouvi essa história, como num passe de mágica, aquela chama interna voltou a brilhar! Ainda um pouco tímida, mas com a força necessária para motivar a minha inscrição no curso de Reiki nível II em junho de 2015 com a minha amada Mestra Eidilamar Machado.
Reiki com ênfase na aplicação em animais
Criamos um vínculo de amizade, de inspiração e admiração, tanto que em 2016 fiz também o nível III da formação com ela. No ano de 2017 iniciamos turmas de formação de Reiki Nível I e II conduzidos pela Eidi com ênfase na aplicação em animais.
Esses cursos aconteciam em uma das salas de atendimento da minha empresa e tivemos pessoas de várias tribos, desde tutores, adestradores, alunos de Medicina Veterinária e Médicos Veterinários.
Inspirada nessas aulas, na metade de 2017 iniciei a minha formação para me tornar Mestre Reiki, com meus queridos Mestres: a Eidi e o Guilherme Giese. Terminei o curso em fevereiro de 2018 e tive o enorme prazer de iniciar minha primeira turma de Reikianos Nível I juntamente com a Eidi no dia 9 abril de 2018.
E foi através do Reiki e do Guilherme que tomei contato pela primeira vez com Programação Neurolinguística.
Sincronicidade: o que é
Desde então a sincronicidade passou a fazer parte da minha vida de forma incisiva. Você sabe o que é sincronicidade?
É um conceito desenvolvido por Carl Jung para definir acontecimentos que se relacionam não por relação causal e sim por relação de significado.
Em outras palavras: a partir do momento em que retomei meu caminho no autoconhecimento, passei a atrair situações condizentes com a minha busca. Tudo faz parte do caminho e quanto mais firmes estou no meu propósito, mais sincronicidades ocorrem, amplificando ainda mais esse “imã” de oportunidades…
E em outubro de 2017 fui parar em um treinamento de desenvolvimento humano em Atibaia, que se chamava na época Super Leader, e que utilizava técnicas de Coach, neurociência e veja só, PNL…
Saí de la transtornada e transformada! Andei em brasas, ressignifiquei emoções, decidi promover mudanças na minha vida, e a chama estava mais acesa do que nunca!
Tanto que em janeiro de 2018, cheguei ao treinamento do Instituto Socrates Vittori para iniciar minha trajetória de aprendizado dentro da PNL, inicialmente como Practitioner, e logo em seguida me certificando como Master Practitioner em Programação Neurolinguística em dezembro de 2018.
Constelação Familiar: várias descobertas
Não preciso nem dizer que a busca pelas Constelações Familiares foi algo natural e complementar, que fez o link com tudo que aprendi e observei ao longo de todos esses anos de aprendizado como Médica Veterinária e principalmente como Ser Humano.
Esse “start” partiu de uma sessão de terapia particular que fiz com meu então professor de PNL, final de abril de 2018, na qual acessamos memórias de quando eu tinha 3 anos (pasmem!!) e que influenciavam absurdamente meu senso de confiança em mim mesma, e por consequência, nos outros…
Ele aplicou nesta mesma sessão uma técnica da Constelação Familiar, usando falas sistêmicas que naquele momento eu só repeti, sem saber o tamanho da repercussão que seria gerada futuramente.
Tempo depois dessa sessão, fui conhecer também a Constelação com Cavalos, do Paulo Neumann, em Curitiba… Chega a me dar um frio na barriga de lembrar.
Muitos movimentos direcionados a relações mais saudáveis começaram a repercutir á partir deste dia. Me lembro exatamente que quando saí desta constelação, do alto dos meus 36 aninhos, tive uma sensação de leveza que tomou conta de mim e, no mesmo dia ocorreu o alinhamento de uma relação que vinha aos “trancos e barrancos” há uns 2 meses, e que passou a ser uma relação de reciprocidade, confiança e sintonia que eu jamais tive, e que segue sendo assim até tempos atuais.
Mais ou menos no mesmo período que eu estava concluindo o Master em PNL, outubro de 2018, comecei a me interessar mais pelo assunto da constelação, e fiz buscas na internet sobre o assunto.
Li uma infinidade de páginas de sites, assisti vídeos do Bert Hellinger, me informei sobre as dinâmicas da Constelação Familiar. E numa dessas buscas pensei, “Hum, será que existe algo direcionado à Medicina Veterinária?”. E na busca que fiz, lá estava o site do Dr. Marcos Fernandes.
Constelação Familiar Veterinária
Num misto de euforia e timidez, cliquei no contato de e-mail e enviei uma mensagem para ele perguntando se ele teria interesse de vir dar uma palestra em Curitiba.
Juro, em menos de 20 minutos recebi uma mensagem no WhatsApp dele! Super solícito e disposto a trazer toda a bagagem de informações dele pra cá. Foi então que iniciamos nossa parceria “aqui no SUL”, como diz ele.
Fizemos workshops e palestras em Curitiba e Balneário Camboriú, entre novembro de 2018 e fevereiro de 2019. E foi numa dessas idas e vindas do Dr Marcos para Curitiba que tive aquele “probleminha” com o nome da empresa que comentei lá no início.
Chegou a hora de contar essa história em que eu quaaaase saí do fluxo e deixei o tal do “ego” prevalecer. Resumindo o fato é que, por um descuido, não paguei uma taxa do Inpi, que regulamenta o registro de marcas aqui no Brasil, referente ao pedido de registro que fiz da marca antiga da minha empresa.
E, por consequência, o órgão autorizou o registro desta mesma marca a uma outra pessoa que tinha feito o pedido depois de mim. E assim que esta pessoa obteve o registro me consultou se eu teria o interesse de comprar a marca.
Sincronicamente, (lembram o que é sincronicidade né?), na pausa de almoço de um desses workshops que aconteceu no domingo em Curitiba com o Dr. Marcos Fernandes, recebi uma ligação referente a este assunto, e na empolgação acho que acabei falando alto e ele ouviu… E veio me perguntar o que me agitou tanto.
Eu contei sobre a história, estava um pouco apreensiva com eventuais “custos” de compra da marca que eu poderia vir a ter, etc. Ele ouviu tudo com muita atenção, tagarelei por quase 20 minutos até que ele respirou fundo e falou a coisa mais sensata que ouvi naquele dia: “Juliana, vamos olhar pra isso?”.
Naquele mesmo dia fizemos uma constelação com bonecos com esse tema. E, deste dia em diante, nasceu a AnimaCare. E carrega no nome toda a essência daquela chama que estava quase se apagando em 2013 e que hoje, em 2020, está lampejando mais vívida do que nunca diante do lindo propósito de Harmonizar a Família Multiespécie!
Através da PNL, da Constelação Familiar Veterinária e de todas as terapias integrativas que já estudei até hoje, está sendo possível atingir este objetivo de uma forma completa e impactante.
O “link” de tudo isso
Foi com toda essa bagagem de conhecimentos que percebi uma melhora gradual na minha comunicação e também no entendimento do que eu estava expressando por parte de quem estava ao meu redor. Reduzindo ruídos, favorecendo a sintonia e um convívio mais harmonioso.
Levei todo esse conhecimento também para o trabalho, e venho construindo um método terapêutico que integra a comunicação de diversas formas:
- Uma comunicação assertiva com os tutores para entender suas expectativas, receios e emoções associadas. Hoje, como Médica Veterinária Sistêmica, assumo o compromisso de olhar além do que o paciente apresenta para viabilizar de forma completa um protocolo terapêutico que efetivamente traga benefícios para toda a família multiespécie.
- A comunicação intuitiva com os pacientes. Por que não? Tive provas cabais de percepções intuitivas dos meus pacientes durante os atendimentos desde sempre. Essas percepções passaram muito tempo como “aleatórias” no meu racional. Eu as levava em consideração no silêncio das minhas terapias, sem expressar muito do que era percebido. Mas foi recentemente, final de 2019, com o lindo curso da Dra Sheila Waligora que recebi várias informações que trouxeram satisfação e entendimento à minha mente “cognitiva” que permitiu à minha mente intuitiva voar alto.
As percepções intuitivas com o paciente passaram a ser mais frequentes e passei a verbalizar o que era “relatado” intuitivamente. E eis que passei a ter feedbacks dos clientes sobre essas percepções que coincidiam com o que era verbalizado.
Aqui cabe um adendo bem importante: toda bagagem de conhecimentos da medicina veterinária, da medicina chinesa, da osteopatia, da acupuntura japonesa acabam integrando esse diagnóstico.
As essências se comunicam, e o corpo também fala quando a mente se cala. E fazer o link de todas essas informações que recebemos através da percepção intuitiva, com o que o corpo comunica e o relato do tutor fazem total diferença no resultado da terapia. - O alinhamento de uma equipe bem coesa através da abertura para a comunicação. Trabalhar sozinho pode te levar longe, mas fazer parte de uma equipe sintonizada te leva além! Aprendi recentemente que cada ser humano no seu máximo potencial é uma pequena potência… E quando pequenas potências se conectam, formam uma grande potência! E para atingir esse grande potencial, a comunicação é fundamental.
Todo ser humano traz consigo sua bagagem de vida e com ela suas crenças, valores, emoções, comportamentos reativos e influencias sistêmicas, sejam elas fortalecedoras ou limitantes. Uma vez que tenhamos consciência disso, vamos deixando os “pesos” das limitantes para trás e proporcionando mais energia ao que nos fortalece.
É exatamente nessa “tomada de consciência” que a Neurolinguística e a Constelação entram em ação. Através de suas ferramentas, trazem à tona as amarras sistêmicas (que vem da nossa ancestralidade) e as amarras mentais (que construímos principalmente desde o momento da nossa concepção até os 7 anos de idade).
Passamos muito tempo simplesmente “reagindo” a essas amarras, repetindo comportamentos e emoções que acabam não nos ajudando a chegar onde queremos, e aceitamos isso como “destino”. Ou pior, a clássica frase do “eu sou assim mesmo”. Cabe aqui ter a curiosidade de ir além, querer entender o que te “fez assim”, seja para suas fortalezas que para suas limitações.
E aqui entra a grande sacada! Só chegamos nesse ponto do autoconhecimento quando existe a força propulsora da VONTADE, do QUERER.
Só é capaz de mudar quem está “grávido”
“Só é capaz de parir quem está grávido”, essa foi uma frase que me fez entender que só é possível mudar quando existe dentro a força que quer mudar, só assim é possível parir a mudança. E não só a mudança, altere essa palavra por qualquer outro verbo: conhecer, crescer, tomar consciência, confiar, entender, amar…
Só estando “grávido” para entender que não somos reféns do “destino”, e sim que desenhamos um Desígnio. Num livro do Roberto Tranjan ele destaca bem que o desígnio tem a ver com o impacto futuro de nossas escolhas, das nossas decisões no presente.
Não se trata de o que eu farei se isso acontecer, e sim de o que acontecerá se eu fizer isso. Significa caminhar ao longo de uma jornada deixando pegadas no caminho enquanto seguimos no fluxo orientado por um propósito.
Seguir o fluxo orientado por um propósito é um delicioso caminho sem volta…
A parceria com a Consonare surgiu neste caminho, no curso de Constelação Veterinária. Eu e a Ana fomos colegas de curso! Já nos conhecíamos de uma relação entre Veterinária – Tutoras – Pets.
Outra sincronicidade chamada Consonare
Mas foi no curso que passamos a falar a mesma linguagem sistêmica e integrativa, e fez todo sentido fazer parte desta plataforma de integração de profissionais de Terapias Integrativas que é a Consonare.
Desde que concluí a formação deste curso de constelação, participei de eventos ligados à criatividade, inovação, empreendedorismo, gestão, ThetaHealing, e pretendo seguir as sincronicidades para agregar conhecimento que forem surgindo! Ser este imã de oportunidades e ser quem eu sou…
A propósito, sobre ser quem eu sou, lembram da pergunta do início? Foi num desses eventos, chamado HardWork Papai com o maestro de criatividade aqui no Brasil: Murilo Gun. Se você ainda não conhece, recomendo. Nesse evento surgiu esta pergunta, “Quem é você, sem dizer o que você faz?”
Então, hora de responder:
Eu e chamo Juliana, sou comunicativa, influente e levemente dominante, tenho em mim uma força que me move na direção de harmonizar as relações entre humanos e os animais, facilitando a soltura das amarras que desequilibram, gerando adoecimento mas também fortalecendo os elos de amor, parceria e comunicação multiespécie.
E você, Quem você é, sem dizer o que você faz?