por Rodrigo Novak – Colunista
Hoje, enquanto eu esperava o feijão cozinhar, percorria em meus pensamentos os caminhos trilhados durante o dia. Vocês fazem isso? Quando relaxados, repassam os acontecimentos do dia?
Bom… Uma conversa, que escutei de esguelha veio em minha mente. Era um grupo de mulheres que falavam de seus namorados e maridos. Até que uma puxou a palavra e disse que o seu namorado era “assim mesmo, ou você o amava ou o odiava, não existia meio termo”.
Olhei para ela, e a moça me parecia cansada. Imaginei o quão duro deve ser percorrer o caminho do ódio até o amor durante o dia. Em dias de sorte, talvez ela faça esse percurso apenas uma vez. Mas como será nos dias de azar?
Você é do tipo 8 ou 80?
Fui olhar para as minhas crenças e percebi que em algum momento eu também já tinha sido alguém de extremos. Do 8 ou 80.
Meio envergonhado vou admitir para você que às vezes ainda o sou. Então posso dizer com todas as palavras: É MUITO DESGASTANTE SER TUDO OU NADA. É um desgaste emocional para quem o é, assim como para todos que estão a sua volta.
Vamos pensar nas nossas relações como um ecossistema circular. No círculo mais próximo a nós estão nossas relações mais íntimas (ex.: marido, namorada, filhos), no círculo seguinte as relações com um grau de intimidade menor (ex.: primos, chefe, professores) e assim sucessivamente até chegar no porteiro do prédio que você talvez não saiba o nome.
O que comunicamos reverbera em todas essas camadas. Agora imagina a gente fazer todo esse povo maratonar sem faixa de chegada o caminho do branco no preto. É teste de resistência.
Ecossistema exaurido é ecossistema doente
Aos poucos as pessoas vão deixar de resistir, o que era visto como personalidade forte com o tempo se torna fadiga. Nos dias turbulentos que vivemos, o que ninguém quer levar para casa é fadiga. Importante!!! Um ecossistema exaurido é um ecossistema doente.
Dia desses, eu estava navegando pelo meu Linkedin e parei em uma matéria da Paula Boarin que relatava como a profissional começou a ser mais valorizada em seu meio de trabalho.
O primeiro ponto de mudança que ela trouxe foi a sua mudança de comportamento. De forma clara ela disse que o seu comportamento era ruim. “Era explícita demais, não aceitava bem a hierarquia, demonstrava minha ansiedade, era imatura, falava o que não devia, era extremamente sincera, quase ácida.”
Pare de ficar apegado a verdade muito rígidas
Em outras palavras o “me ame ou odeie” a inviabilizava. Quando ficamos amarrados em verdades tão rígidas a solidão começa a rondar. O telefone para de tocar. O zap é visualizado, mas não vem resposta do outro lado. Esquecem de lhe chamar para os encontros…
A solidão é algo muito sério, pois nós somos animais sociais. Só evoluímos com contato, com troca. As relações são chave para a conscientização. Precisamos do outro para avançarmos e chegarmos em novos lugares.
Uma vez uma terapeuta me disse que: Quem ama facilita e simplifica a vida do outro. Vamos nos amar mais e sermos mais flexíveis com a gente, mais carinhosos, mais humanos.
E assim deixar que essa nova prática transborde para todas as nossas esferas de relações. A ideia é transformar a corrida em passeio, porque o amor (próprio e para com o outro) e a saúde estão no meio do caminho.
Sobre Rodrigo Novak
Rodrigo Novak é comunicólogo, estudante de Florais de Bach e futuro psicólogo.
Residente de Curitiba (PR), gosta de encontros demorados e acredita no poder da qualidade em relação à quantidade.
Qual tema de vida te aflige? Mande um hello para o colunista no orodrigonovak@gmail.com